Mulheres discutem a realidade das trabalhadoras

Em um universo de mais de 118 mil trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), cerca de 30,4 mil são mulheres. Ou seja, aproximadamente 25% do quadro de pessoal é composto pelo sexo feminino, segundo dados de 2010 do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Para representar os trabalhadores, 35 sindicatos se distribuem em todo o território nacional. Apenas quatro deles, no entanto, são presididos por mulheres. A disparidade não é observada apenas na liderança. Falta o auxílio necessário para que as trabalhadoras tenham condição de prestar o melhor serviço à comunidade.

Por conta disso, funcionárias de todo o país se reuniram no Encontro Nacional de Trabalhadoras de Correios, nos dias 11 e 12 de junho em Fortaleza (CE). Já é a 15ª edição do evento e as conquistas são muitas nos anos que se seguem.

A telefonista Maria Alves Ferreira de Morais, que trabalha há 37 anos nos Correios, esteve no 1º encontro de mulheres, que ocorreu em São Paulo no ano de 1997. Segundo ela, havia cerca de 40 mulheres. “É bom ver como a participação da mulher na empresa cresceu ao longo dos anos. Agora, na edição deste ano, vieram mais de 100 mulheres”, afirma. Maria, que participou de 14 encontros, defende ainda que a mobilização feminina não deve se resumir ao evento anual. “O mais importante é preparar as companheiras para as batalhas do dia a dia”.

E as batalhas são muitas. Violência e assédio moral; tripla jornada de trabalho; preconceito; falta de reconhecimento… Sem falar nas lutas em relação aos direitos que possuem como mãe. A mobilização do momento é pelo direito à creche no local de trabalho e pelo auxílio na educação dos filhos. Mas também há bandeiras de cunho puramente profissional, como explica a presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios e Similares da Bahia, Simone Soares Lopes. “Queremos que os sindicatos respeitem a cota de 30% na diretoria colegiada. Mas a nossa meta mesmo é a paridade entre homens e mulheres”, explica.

Falta equidade salarial
Outra bandeira levantada pela classe feminina dos Correios é a equidade salarial. Dados do Dieese mostram que a remuneração média feminina é inferior à masculina. Enquanto a ecetista recebe R$ 2.224,47 ao mês, o trabalhador da empresa recebe R$ 2.514,79. “Essa diferença de R$ 290 é reflexo de uma desigualdade histórica de tratamento entre homens e mulheres. O movimento feminino deve usar esses dados para intervir na atual realidade e lutar por melhores condições no ambiente de trabalho”, defende Rose Cruz, da Federação de Servidores Municipais do Ceará. 

 
Fonte/Autoria: Fentect