ECT entrega empresa para franqueadas e se aproxima ainda mais da privatização

As Agências de Correios Franqueadas (AGF) têm tomado o espaço da categoria. A ECT demonstra, cada vez mais, com várias reuniões a portas fechadas, o interesse em entregar os Correios para a iniciativa privada, enquanto se esquiva das decisões que podem beneficiar os próprios empregados. Com o fim das agências dos Correios, mais de 6 mil no País, a empresa espera economizar R$ 1,6 bilhão. Outra possibilidade estudada pela ECT é a de fundir unidades que estejam próximas. Um dos primeiros passos foi acabar com os sábados de trabalho. 

De acordo com o presidente dos Correios, Giovanni Queiroz, as ações, que põe em risco o emprego de ecetistas em todo o Brasil, visam chegar ao final do ano sem déficit. No entanto, o déficit já foi anunciado, com direito à ameaça à categoria, que pode não receber a partir do próximo semestre.

A luta contra a privatização da ECT reforça, ainda mais, a demanda pelo Dia Nacional de Paralisação em Defesa dos Correios, que será realizado na próxima quarta-feira (27/04), em todo o país. A FENTECT destaca os riscos que a categoria enfrenta com o avanço das agências franqueadas, bem como todos os problemas que têm sido abordados frequentemente, e convida todos os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios a partiriciarem da mobilização deste mês. 

O estudo realizado pela H&J Consultores Independentes, promovido em parceria com a FENTECT, já demonstrava, quando da apresentação aos trabalhadores, os reais interesses da empresa com as agências franqueadas. No entanto, cabe ressaltar não existem motivos para fechar as agências inerentes à ECT, a não ser por desvio de receita para a iniciativa privada.

Em abril, duas reuniões entre representantes da Abrapost dão mais alarde à questão. Segundo informações do Blog dos Correios, a intenção é valorizar a participação das franquias na busca pelo crescimento da receita e no processo de reestruturação da estatal. Conforme o ministro das Comunicações e presidente do Conselho de Administrações dos Correios, André Figueiredo, na ocasião, a convergência entre privada e pública trata da reformulação de rotinas operacionais.

No dia 14/04, a presidência da ECT se reuniu com diretores da Associação Brasileira das Franquias Postais (Abrapost) e da Associação Nacional das Entidades Regionais de Agências de Franquias Postais (Apost), representações das franqueadas, para falar sobre a ampliação da oferta de serviços da rede, nos próximos meses. Como primeira medida, será realizada a implantação do Banco Postal, que, de acordo com a ECT, passa a ampliar os serviços oferecidos nesses locais, com características próprias a uma agência da empresa.

Entre outras medidas que visam reduções aos trabalhadores dos Correios, Giovanni Queiroz ainda recomendou a redução de horas extras e do trabalho noturno dos funcionários, alegando gastos de R$ 720 milhões no último ano, ato que ele denominou como “ajuste de gestão”.

A FENTECT repudia o fechamento das agências próprias dos Correios, que poderiam gerar lucros pra ECT e manter a empresa competitiva. Ressalta-se que às franqueadas não é interessante atender as pequenas unidades, na contramão do serviço social dos Correios, que tem como objetivo alcançar os endereços mais longínquos do país.

Perde a população menos favorecida, que deverá se deslocar para localidades mais distantes em busca dos serviços.

Para os trabalhadores, a medida ameaça direitos históricos dos atendentes, já que muitos estão sendo transferidos devido a esses fechamentos. Essas decisões da ECT ameaçam, também, a realização de novos concursos públicos. É fato que os empregados terceirizados não detêm remuneração equiparada a dos contratados pelos Correios.

 

Reprodução:FENTECT