Novembro foi escolhido para ser o mês da Consciência Negra não por acaso, mas para se contrapor ao 13 de maio, data definida pelos opressores brancos para comemorarem a assinatura da “Lei Áurea”. Após assinada, esta lei jogou os negros da senzala para os morros e periferias das cidades, sem direito a qualquer tipo de reparação pela exploração sofrida durante os séculos de escravidão.
O governo imperial brasileiro, pressionado pela coroa inglesa e pelos novos países imperialistas europeus, foi forçado a proclamar a abolição dos escravos para que fosse possível o branqueamento da população brasileira com a absorção de mão de obra europeia. Os europeus para cá vieram a fim de substituir a mão de obra escrava, mas com direito a receber glebas de terra e apoio do governo do império para aqui se estabelecerem e assim formarem um novo e próspero mercado consumidor para os produtos produzidos na Europa.
Após a “abolição”, a população negra, cada vez mais segregada e impelida a aceitar o branqueamento forçado pelos opressores brancos, chegou ao ponto de se ver obrigada a deixar para trás a cultura e a religião trazidas por seus ancestrais e adotarem a cultura branca.
A data de 13 de maio foi escolhida pelo opressor para que a população negra, ao invés de reivindicar os direitos a ela negados, cultuasse a figura de quem assinou uma lei que tornou a situação do negro pior do que a vivida na senzala, pois com a abolição passaram de escravos a párias da sociedade, sendo obrigados a viver a margem dela, dando assim início às favelas, onde viviam e muitos ainda vivemos até hoje em situação degradante.
Apesar de todo este ataque sofrido, houve focos de resistência, assim como em um passado não tão distante houve resistência através dos quilombos, sendo o mais importante deles o liderado por Zumbi na região de Palmares, atual Estado de Alagoas.
O Movimento Negro brasileiro, que por várias décadas do século XX traçou diversas batalhas para recuperar a dignidade e a autodeterminação do negro brasileiro e para contrapor-se ao 13 de maio, optou por escolher o dia 20 de novembro em homenagem a um dos maiores lutadores negros pela liberdade e, com o seu exemplo, trazer de volta a consciência de que é só com a luta que os negros conseguirão romper os grilhões que ainda hoje o prendem.
Portanto, o dia 20 de novembro não foi escolhido para ser um dia de festa, mas principalmente para ser um dia de reflexão sobre a necessidade de que cada negro e negra continue lutando para recuperar tudo o que os opressores nos devem por direito. Afinal, se aqui estamos hoje não foi por escolha dos nossos ancestrais, mas sim pela imposição dos nossos opressores.
Viva o Zumbi dos Palmares e todos aqueles que deram a vida na luta do povo negro. |