A empresa estima que, bem-sucedido, o PDV trará economia de R$ 850 milhões a R$ 1 bilhão por ano para a estatal
Os Correios devem apresentar em breve um plano de demissão voluntária (PDV) aos funcionários . O Estadão apurou que a adesão poderá ser feita a partir de dezembro deste ano. O público-alvo são 13 mil funcionários e a empresa aceitará a adesão de até 8 mil deles.
Os Correios estimam que, bem-sucedido, o PDV trará economia de R$ 850 milhões a R$ 1 bilhão por ano para a estatal.
A estatal tem como foco funcionários com mais de 55 anos, aposentados ou com tempo de serviço para requerer a aposentaria. Segundo os dados da empresa, os funcionários nessa faixa etária representam pouco mais de 15% dos 117,4 mil empregados.
Para incentivar a adesão ao plano, a ideia é que a empresa ofereça uma espécie de “salário-demissão”. Os funcionários que aderirem ao programa vão receber uma parcela do salário por dez anos. O porcentual ainda não está fechado, mas a expectativa é que fique em torno de 35% para a adesão dos funcionários mais velhos: com 58 anos. Aí o porcentual vai caindo.
Em nota, os Correios afirmaram que estão aguardando a aprovação do Ministério do Planejamento para apresentar o plano aos funcionários. O Estadão apurou que os Correios devem fechar este ano com prejuízo em torno de R$ 2 bilhões, número próximo ao de 2015.
No ano, até outubro, o resultado está negativo em R$ 1,5 bilhão. Se confirmado, será o quarto ano consecutivo de déficit no resultado. Mais de dez anos após ser o palco inaugural do escândalo do mensalão, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) ainda sofre, segundo quem acompanha o dia a dia da companhia, as consequências do aparelhamento político-partidário a que foi submetida nos últimos anos.
Fatores
Para o representante dos trabalhadores no conselho de administração dos Correios, Marcos César Alves Silva, os Correios estão nessa situação por três fatores: o primeiro, o aparelhamento político; o segundo, o excessivo recolhimento de dividendos aos cofres do Tesouro nos anos em que o resultado era superavitário (ele estima em R$ 3,8 bilhões o valor que foi repassado ao governo, além do que os Correios eram obrigados); o terceiro, o represamento das tarifas no governo de Dilma Rousseff.
“Se o plano for feito dessa forma, garantindo os incentivos, será bastante atrativo”, diz Inês Capelli, presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap).O último plano de desligamento incentivado para aposentados entrou em vigor em 2014 e foi até outubro deste ano. A empresa ofereceu como incentivo financeiro valor que variou de R$ 30 mil a R$ 150 mil, mas pagos de uma vez só.
Uma das preocupações de Inês é em relação à situação do Postalis (fundo de pensão dos funcionários dos Correios). “O Postalis tem dinheiro para sustentar esse aumento significativo no número de aposentadorias?”, questiona. Para Silva, a atual situação do fundo é uma “nuvem negra” sobre a cabeça dos funcionários e pode incentivar a adesão ao plano para garantir renda fixa por dez anos, complementar à aposentadoria.
Desde junho deste ano, os funcionários e aposentados dos Correios começaram a pagar contribuição extra sobre os benefícios para o equacionamento do déficit de R$ 5,6 bilhões de 2014.
As contribuições extras foram determinadas aos quase 76 mil funcionários, aposentados e pensionistas, além dos Correios, para resolver o rombo. Pelas regras de equacionamento de déficit dos fundos de pensão, o desconto mensal ficou determinado em 17,92% do valor da aposentadoria, da pensão ou do valor previsto para o benefício por 25 anos e meio.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Reprodução: Época Negócios