Sol forte faz carteiros de Rio Preto entrarem na Justiça para mudar turno

O Sindicato dos Carteiros de São José do Rio Preto (SP) entrou na justiça para pedir a troca de turno dos trabalhadores depois de registrar cinco casos de câncer de pele em carteiros na região noroeste paulista. Por enquanto, quem entrega correspondência passa o período da tarde na rua e recebe apenas filtro solar para se proteger.

Atualmente, os carteiros fazem a triagem das cartas pela manhã e a tarde saem às ruas, período em que o sol é mais forte e prejudica a saúde. “Hoje, a tarefa do carteiro é das 8h ao meio dia dentro da unidade e das 13h às 18h fora da unidade. E é a hora que a incidência do sol é mais forte neste horário. A gente quer a inversão pelo menos nesta estação do ano que é mais quente”, afirma o diretor do sindicato Sérgio Luiz Pimenta.

Na ação, o sindicato também reclama que o filtro solar distribuído não é adequado ao tipo de pele de cada carteiro. Especialistas orientam que para evitar doenças, a proteção contra os raios solares deve ser feita de maneira correta. “O protetor precisa ser escolhido de acordo com o tipo de pele. Pessoas mais claras devem ter proteção maior. E pessoas morenas, negras podem usar fator de proteção abaixo de 30”, explica a dermatologista Sílvia Regina Strazzi.

No Tocantins, em Mato Grosso e também no Distrito Federal, os Correios reconheceram o problema e fizeram a troca de turno. A mudança está em fase de adequação, mas em outras regiões de clima quente como o noroeste paulista, nenhuma alteração foi feita. “Temos vários casos de carteiros com câncer de pele. Temos até um caso que o carteiro teve câncer de pele, a dermatologista credenciada dos Correios prescreveu um protetor com fator maior e a empresa se negou a dar. Entramos na justiça e neste período ele teve reincidência de câncer de pele”, diz o diretor do sindicato.

O carteiro Rodolfo Juliano Bortoleto trabalha há dez anos na entrega de correspondências e se protege como pode. Ele percorre 10 quilômetros por dia em quatro horas. Enquanto aguarda as mudanças, paga do próprio bolso, um filtro solar mais eficiente. “Compro o protetor de fator 50, porque o 30 não resolve”, afirma.

Representantes dos Correios disseram que ainda não foram notificados da ação movida pelo Sindicato dos Carteiros e que vão aguardar a notificação para falar sobre o assunto.

 
Fonte/Autoria: Portal G1