Greve dos Correios: TST determina que 40% dos funcionários trabalhem

 
Brasília – O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou ontem que os funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) mantenham pelo menos 40% do total de trabalhadores em todas as unidades da empresa durante o período de greve. A decisão da juíza Maria Cristina Peduzzi foi anunciada depois do fracasso da audiência de conciliação entre as partes e, se descumprida, acarretará em multa diária de R$ 50 mil aos sindicatos. “Foi identificado o caráter nacional do movimento”, disse a juíza. A decisão de um porcentual mínimo de funcionários em atividade leva em conta a necessidade de manutenção da prestação de serviços, ainda que o setor não seja considerado um “serviço essencial”. Os trabalhadores prometem recorrer. Na tarde de ontem, já como reflexo da greve, a ECT suspendeu as entregas com hora marcada Sedex 10, Sedex 12, Sedex Hoje e Disque-Coleta) para algumas regiões. São elas: São Paulo (Capital e região metropolitana), Distrito Federal, Tocantins e Paraná. Sem um acordo, o TST decidiu levar a julgamento o dissídio dos Correios. A relatoria caberá à ministra Kátia Arruda, que definirá a data de julgamento. Até lá, empresa e funcionários tentarão chegar a um denominador comum. Maria Cristina disse que tinha esperança de que um acordo fosse fechado ontem, mas avaliou que existia um “abismo” entre as reivindicações dos trabalhadores e a oferta da empresa. A maior discrepância foi vista no porcentual de reajuste salarial. A ECT ofereceu 5,2%, mas os trabalhadores pediram 43,7% alegando perdas desde 1994, início do Plano Real. Para tentar chegar a um consenso, Maria Cristina propôs uma correção de 5,2% dos salários mais um aumento linear de R$ 80,00 para todos os funcionários, além de reajustes de benefícios. A sugestão foi rejeitada pelos Correios. “A nossa proposta geraria impacto de R$ 455 milhões e a nova, de R$ 854,6 milhões. Fica muito difícil acolher a sugestão financeiramente”, justificou o vice presidente de gestão de pessoas da ECT, Larry de Almeida. PREJUÍZO Com isso, a Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos (Fentect) promete ampliar o movimento no País. “A greve vai se estender e o prejuízo para os Correios será maior”, disse o secretário geral da Fentect, Edson Dorta. O sindicalista argumentou que o piso salarial da categoria é hoje de R$ 942,00, proporcionalmente inferior ao que era pago há cerca de dez anos, quando os profissionais ganhavam, como base, o equivalente a três salários mínimos. Ele admitiu, porém, que a sugestão do TST não estava a contento da Federação, mas que, de qualquer forma, uma decisão final só poderia ser dada em assembleia. As paralisações começaram no Pará e em Minas Gerais e, segundo a ECT, ocorrem agora em 19 Estados mais o Distrito Federal. Já conforme a Fentect, a greve contou com a adesão de um total de 25 sindicatos dos 35 existentes. Levantamento feito pelos Correios, por meio do registro de ponto dos funcionários, revelou que a greve atingiu 10.737 trabalhadores, o que corresponde a 8,9% dos 120 mil funcionários da companhia. Os carteiros são os que mais aderiram.
 
Fonte/Autoria: O Popular