Na última semana, durante o primeiro dia de debate da 5ª Conferência da UNI América L&P (logística e postal), realizada em Nova Orleans (EUA), dia 18, os participantes trataram das seguintes pautas: o balanço dos últimos dois anos; o Banco Postal, a organização das multinacionais de Correios e o impacto do comércio eletrônico, o ecommerce. O secretário geral da FENTECT, José Rivaldo da Silva, apresentou a experiência do Brasil com o banco postal e falou sobre a realidade da categoria.
Rivaldo enfatizou que, com a política adotada pela direção dos Correios no Brasil, a lógica de captação de recursos no país não tem gerado muitos lucros à estatal e os problemas apenas aumentam. Explicou, inclusive, sobre os altos índices de violência contra os trabalhadores, o aumento da sobrecarga de trabalho e até mesmo o risco do fim desses serviços, já que o Banco do Brasil sinalizou que não há interesse em manter as atividades.
Enquanto isso, no Canadá, os sindicatos travam uma batalha no Congresso, para que uma lei seja aprovada e o banco postal finalmente implantado no país. Nos Estados Unidos, a luta é pela participação dos Correios nas eleições. Eles querem que cada cidadão norte americano receba um modelo de cédula para votar da própria residência e enviar a decisão pelos Correios, conquistando, dessa maneira, mais recursos para a empresa americana.
Organização e sindicalização da UNI Postal
Para a representação da UNI, com essas questões, é importante a organização dos trabalhadores mesmo das concorrentes multinacionais. Segundo a entidade, mais de um milhão de trabalhadores das américas podem se organizar junto aos sindicatos filiados à UNI. No Brasil e na Argentina, por exemplo, a categoria que trabalha para as alemãs DHL e a Dynamic Parcel Distribution (DPD) são representados pela Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (International Transport Workers’ Federation – ITF).
Globalização x Privatização
No ponto sobre ecommerce e o avanço global, os representantes da conferência ressaltaram o impacto desse segmento. Destaca-se que as concorrentes estão investindo para obter a fatia do comércio eletrônico em todo o mundo, como a DHL e a recente GeoPost têm feito no Brasil.
Essa visão mercadológica tem invadido a estatal brasileira, conforme denúncia da FENTECT, na ocasião, com o avanço das alterações da ECT; nas parcerias com empresas privadas, como a de aviação civil, a Azul, e com a extinção do cargo de Operador de Triagem e Transbordo (OTT), assim, colocando em risco o emprego de mais de 17 mil trabalhadores concursados. Além disso, querem implementar de vez a CorreiosPar, pela qual todo setor operacional dos Correios será terceirizado.
Para a federação, a participação nesses debates mundiais transfere conhecimentos e compartilha experiências. Com isso, a discussão da conferência internacional precisa ser realizada também com toda a categoria no Brasil, para que a FENTECT e os sindicatos entendam a realidade em todo o mundo, sejam empáticos à causa e mantenham a defesa dos trabalhadores contra a privatização, a extinção de cargos e pela universalização dos Correios.