Em meio a tantas dificuldades impostas aos trabalhadores dos Correios e de outras categorias, a FENTECT aproveita esta terça-feira (1), Dia do Trabalhador, para relembrar a força da classe em todo o mundo. Vem daí os grandes exemplos de luta e esforço pela vida e o trabalho. Dia 1 de maio vai além de comemorações ou do próprio feriado, marca um processo de batalhas, a princípio, por reduções de jornada e pela emancipação dos trabalhadores, que ceifaram vidas e alcançaram vitórias, com a criação das organizações pela causa ao longo de mais de cem anos de história.
Com certeza, muitas experiências não estão contadas aqui, mas a história revela que a força da classe trabalhadora é que faz a diferença em um mundo onde o que importa é apenas o lucro. Por isso, esperar de braços cruzados pela mudança não é garantia de um futuro melhor. A FENTECT espera que a data seja de reflexão e de decisão, de uma vez por todas, pela participação na luta e na construção de uma sociedade igualitária e justa para todos os trabalhadores do país.
Construção histórica
Na Europa ou nos Estados Unidos, desde os anos de 1800, as ruas já eram tomadas por trabalhadores que reivindicavam, entre outros direitos, a redução da jornada de trabalho. Assim como em 1819, na Inglaterra, tendo como pauta 12 horas de trabalho para crianças de adolescentes de 9 a 16 de anos. Greves, manifestações, condenações e até assassinatos garantiram uma redução nessas horas para 9, em 1824.
Uma luta de quase 10 anos garantiu a redução para 10 horas de trabalho na cidade de Bordeaux, na França. Nesta mesma data representativa, 1 de maio de 1831, começava a batalha dos serradores franceses. Em 1847 foi a vez da Inglaterra fazer o mesmo.
Paris viu o fim da escravidão nas colônias, abolição da pena de morte para crimes políticos e o sufrágio masculino, além da diminuição da jornada de trabalho para 10 horas, em 1848. Nessa ocasião, três mil trabalhadores foram fuzilados e quatro mil deportados.
Em 28 de setembro de 1864, na primeira Associação Internacional dos Trabalhadores, em Londres, Karl Marx discursou: “a emancipação da classe operária deve ser feita por ela mesma”. Em 1871, nasce o governo proletário, a Comuna de Paris. Mas somente em novembro de 1884, a Federação Americana do Trabalho aprovou o dia 1 de maio como data para paralisação geral pelas 8 horas de trabalho diárias. Enquanto isso, a mídia corroborava com os patrões e apoiava o trabalho forçado e a prisão como soluções para questões sociais, e bala para os grevistas.
Chicago, nos Estados Unidos, em 1886, foi o ponto para a mobilização do primeiro de maio, que se estendeu pela semana. Operários foram baleados e mortos, 50 saíram feridos e mais de 100 trabalhadores foram presos. Dias depois, no dia 7, a guerra foi ainda maior, com um número indeterminado de mortos e corpos escondidos. Oito sindicalistas foram presos e tiveram uma sentença mentirosa. Cinco foram condenados à morte, dois à prisão perpétua e um a 15 anos de prisão. Somente seis anos depois a sentença foi anulada. A revolta daquele início de maio foi denominada a “revolta de Haymarket”.
Com a repercussão surpreendente da luta e o apelo internacional, em homenagem àqueles que morreram nos conflitos, o primeiro de maio se torna a data símbolo da luta dos trabalhadores em todo o mundo. Fica, então, a grande reflexão para os trabalhadores: o dia 1 de maio é dia de festa ou de luta?